quinta-feira, 1 de maio de 2003

Aos meus Kambas*

Um tributo vale o que vale, e no fundo as palavras também, se, por detrás delas não houver uma história, cumplicidades, vidas.
Aos meus kambas quero erguer uma taça, de champagne, de amor, de gratidão, de saudade, de memórias. Juntos descobrimos a força da união, tal como nos livros de Dumas. Juntos descobrimos o amor, as dibelas*, perfumadas e dengosas*, que nos rodeavam, ao som do reggae inebriante de UB40.
Fomos invencíveis dentro do campo, grandes nós* e reviangas*, futebol solto e alegre, e grandes golos, lindos, saborosos.
Grandes conversas, sem segredos, revelando a magia da vida, ensinando os truques aos mais distraídos, apontando caminhos para o futuro...ah, se soubéssemos naquela altura o que sabemos hoje...
Aos meus kambas, quero dizer, que seremos sempre avílos*. longe ou perto, que importa? Nunca teremos essas Kinjilas*, porque depois de tantas horas horas juntos, na rua, na praia, na escola, na Kananga*, no Arregaça*, no Centro*, o que nos poderá separar? A música é que tem razão, «amigos para siempre!»
Aqui, exilado no meu querido Alentejo, aprendi a valorizar estes mambos*, por isso, sozinho, levanto essa taça...aos meus Kambas, esses muadiês* , os Kandengues* do Vale*!

Bruno (Totó), Nuno (Correia Nhako), Mauro (Xuxo), Ricardo (Kay), Fernando (Dinho), Joaquim (Quim-jó), Bruno (Pimbas), Miguel (Martinho), Paulo (Xixa), Jorge (Anjinho), Cláudio (Kudo), Bruno (Pizzi), David (Kube), Rui Sérgio (Willy Zarolho), Marco (Kareka), Rui (Kelas), Paulo (Horta) e tantos outros...


Kamba - Amigo, parceiro, irmão.
Dibela - Rapariga.
Dengosa - Insinuante.
Nó - Finta.
Revianga - Finta especial .
Avílos - Amigos.
Kinjíla - Problema, obstáculo.
Kananga- Discoteca de bairro. onde se aprendia a kizombar.
Arregaça - Campo de futebol, baptizado após um campo famoso da Luanda.
Centro - Comercial, Zona F, Vale da Amoreira.
Mambos- Coisas, assuntos.
Muadiê - Gajo, tipo, fulano.
Kandengue - puto, chaval.

Sem comentários: