segunda-feira, 9 de maio de 2005

Amor de Mãe

Sou filho de um veterano da guerra colonial mas não tenho a frase tatuada no braço. Aliás, é com alguma resistência que escrevo o que se segue, receio expor-me demasiado. Eu e a minha mãe temos feitios muito iguais, ou seja, temos uma tendência natural para andar às turras. E a verdade é que, regra geral, assim é. Mas, ao se lembrar o dia das Mães (países protestantes, é no 2º domingo) a frase em epígrafe assume carácter dogmático. À minha mãe devo, para além de uma grande capacidade para argumentar, a formação do meu carácter e o incutir de valores que hoje prezo e estabeleço como norteadores para a minha família. A ela devo a fé no Deus verdadeiro. A ela devo a preocupação com a minha educação e oportunidades de expandir os meus horizontes. Nunca foi de grandes mimos é verdade, de me fazer pequenos almoços ou me andar sempre a paparicar. Mas ensinou-me a ser independente, a passar a ferro, a cozinhar, a lavar roupa, a não ter medo de apanhar o autocarro com seis anos de idade! O amor de mãe manifesta-se, por vezes, em formatos menos ortodoxos mas igualmente válidos. O amor de mãe tem razões que os filhos quase sempre desconhecem.

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