segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

A Queixa

A minha filha queixou-se hoje a uma das educadoras. Segundo o relato, a mãe bateu-lhe injustamente. O que não passou de um simples "J., deixa a mamã vestir-te o casaco" em tom de impaciência passou, na voz da minha filha, a um acto de agressão injusto. "Eu não fiz nada!", retorquiu rapidamente a minha filha à educadora. E assim a dúvida prolongou-se até à hora em que a fui buscar.
A queixa tem a vantagem da modelagem, ou seja, fazer com que um dado acontecimento se torne numa ocasião para a prática da justiça própria. Como é feita a terceiros e fora do ambiente original dos acontecimentos, os segundos estão reféns do papel que os primeiros lhes querem reservar, que é, normalmente, o do vilão. A queixa, como acto criativo, não tem limites. A mentira, como acto auto-justificativo, também não. É por isso que as duas andam, regra geral, lado a lado.

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