terça-feira, 29 de maio de 2007

Acerca das Tributações

A propósito de discussões anteriores neste blogue o William teceu um comentário sobre um dos princípios fundamentais dos Baptistas: a Separação entre Igreja e Estado. «...tremenda falta de responsabilidade, esta questão do IRS...», afirma com toda a convicção. Ele acha «incrível que não se consiga vislumbrar alguma coisa de bom numa lei que não venha impressa em papel de Bíblia.»

De facto, é um pouco complicado perceber o que eu afirmo, se o pensamento for elaborado dentro de uma lógica Igreja + Estado. O problema, meu caro William, é pensar que a Igreja é uma Instituição como outra qualquer, sujeita às leis humanas. Se assim for estás coberto de razão. Mas, os Pais Baptistas, biblicamente, viam Igreja como ela realmente é: um Organismo vivo, um Corpo. Logo, quem disse que a Igreja tem que possuir edifícios? Quem disse que a Igreja tem que ter funcionários remunerados? Quem disse que é forçoso existir o dízimo? Quem disse que a Igreja tem que ter uma face visível para o sociedade? Pensa na igreja dos Países onde existe perseguição. Essa lógica caí imediatamente. A Igreja «Oficial» não é uma condição absoluta, mas opcional.
É que a lógica da Igreja Instituição levou a que esta se submetesse ao Estado e, consequentemente, subordinasse os princípios doutrinários às leis desse mesmo Estado, por força das leis de liberdade religiosa, dos estatutos, regulamentos internos, etc.
Ora, é precisamente por causa daquilo que tu afirmas que temos hoje, na nossa praça, pastores levados a tribunal por membros de índole duvidosa, só porque aplicaram os princípios éticos e morais da Bíblia. Pastores que têm que justificar perante um tribunal que a Igreja de Cristo é soberana nas suas decisões.
Tens razão William, «ao Estado...não convém permitir que existam transferências de dinheiro ...não tributadas e declaradas...». A palavra chave aqui é Comprometimento. Ao Estado não convém muita coisa. Mas lembra-te, o Estado não é neutro nem idóneo e a qualquer momento pode "sufocar" a Fé. Não seria o primeiro nem o último.

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