sábado, 17 de novembro de 2007

Um post de emergência

Começa-se a observar em Portugal a crítica, mais ou menos exacerbada, à Igreja Emergente. Tenho lido e ouvido muita coisa, a maioria disparates, confesso. Em primeiro lugar porque a Igreja Emergente não existe. Sim, repito: a Igreja Emergente não existe! O termo, no meu entender, grosseiro é apenas a tentativa "académica" de enquadrar acontecimentos assim como formas de ser e pensar relativos à Igreja do Século XXI, que na verdade não são enquadráveis nem sequer constituem em si mesmos a natureza de um movimento, tal como se quer retratar ou fazer querer. Também me parece um pouco redutor formular conceitos e colocar rótulos em algo tão lato e diversificado como o que está a acontecer actualmente um pouco por todo o mundo. Dentro daquilo a se chama "Igreja Emergente" coexistem valores, supostamente, incompatíveis à partida, e que, dentro da lógica matemática, resultariam na anulação dos mesmos. Por exemplo: Existe teologia conservadora e liberal, litúrgia tradicional e inovadora, Templos clássicos e igrejas em casas, Dízimos e contribuições espontâneas, igrejas com pastores e sem pastores, católicos, baptistas, presbiterianos, luteranos e todos os outros "...anos" e por aí adiante. Faz-me um pouco de confusão que pessoas intelectualmente esclarecidas não percebam isto. Pegar em expressões "folclóricas" ou menos ortodoxas de igreja e fazer disso norma não me parece honesto. E o mais curioso é que muitos dos que criticam a emergência são eles mesmos emergentes. O regresso às expressões tradicionais cristãs, é um exemplo disso.
Deixem-me situar-vos no nível de "ridicularidade" que já se atingiu, presentemente, em Portugal. Há algum tempo atrás um pastor baptista do alto da sua ignorância, certamente, definiu-me como o "Líder máximo da Igreja Emergente em Portugal". Se este senhor se documentasse um pouco mais sobre o assunto rapidamente chegaria à conclusão que na "igreja emergente" não existem lideres, porque ela simplesmente não existe. Como se pode liderar o vazio? Para o provar peço que me respondam, se sabem, às seguintes questões: Quem me elegeu? Onde? Quando? Estou registado na Aliança Evangélica? Ou na Convenção Portuguesa das Igrejas Emergentes? E nível internacional? Será na "World Alliance of Emergent Churches"? Isto é patético, no mínimo. As pessoas falam do que não sabem, porque não sabem o que falar. Melhor seria que estivessem caladas.
Sou líder, isso sim, da Igreja Baptista do Vale da Amoreira, na Moita. Se esta igreja é a Igreja Emergente Portuguesa, então eu devo ser um dos líderes máximos. Só lamento que não tenhamos sido informados disso.
Sinceramente, não percebo a preocupação dos supostos guardiões da fé que se têm levantado. Se as suas igrejas e as suas doutrinas são expressões coerentes e sãs do Corpo de Cristo, então nada têm a recear. A inquietação com a "Igreja Emergente" diz mais sobre eles próprios do que diz da suposta. Cuide cada um da sua vida, das suas congregações e dos seus ministérios e deixem que Deus faça o julgamento.
Termino com o conselho "bíblico" de Gamaliel em Actos, capítulo 5*.

"Israelitas, atentai bem no ides fazer a estes homens[...]dai de mão a estes homens, deixai-os; porque, se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus."

*referindo-se aos apóstolos de Jesus, à data um bando de pescadores labregos que afirmava a pés juntos, ser Jesus de Nazaré, um rabi marginal, o Messias tão aguardado pelos judeus.

4 comentários:

LadyBird disse...

Não te parece que isto tem algo a ver com o post anterior?
Como temos medo do desconhecido... É o papão e vai-te comer, por isso o combatem.

Playmaker disse...

Tenho acompanhado esta preocupação e discussão no Pranto e Ranger de Dentes e não posso estar mais de acordo contigo Nuno! Acho mesmo que há iluminados a mais em Portugal que se procupam em demasia com coisas que não são problemas. Parecem que têm medo de alguma coisa e que são detentores da verdadeira maneira de como uma Igreja deve ser. Aliás o Tiago parece mesmo o "homem que sabe tudo sobre o que está mal nas Igrejas Evangélicas em Portugal"!

David Cameira disse...

Nuno,

Concordo ctg, em parte, mas tb, noutra parte, com o Tiago.

Vamos aquilo q concordo ctg

A igreja imergente nao é uma igreja, nao é um grupo organizado é mais uma teia de grupos, mundialmente dispersos autónomos, que convergem em n nº de propostas semelhantes para a renovação da igreja

Sem qq especie de ofensa, vcs são tipo a AL-QUAEDA grupos autonomos, espalhados por todo o mundo que tem em comum os mms metodos, a mm ideologia e a mm filosofia de missão

E, de facto, eu proprio me encontrava bastante proximo da igreja emergente pelo q tenho vivido e visto, desde logo no youtube, desde logo aqui no teu blog

No entanto o Tiago chama a atençao que, tal santa ingenuidade, leve a q não mais as nossas igrejas celebrem casamentos mas " apenas " uniões de facto.

Afinal o sentimento e o amor é o mm; até pq só DEUS conhece os corações.

Afinal nao havendo casamentos nao ha divórcios e portanto menos um problema ético os evangélicos tinham q enfrentar

andiwolf disse...

Nuno. i fear i do not understand what ur saying. but it sounds like we should in order to pray?