terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Emergente não é detergente

A ideia de que as pessoas com "pensamento emergente" são totalmente adversas ao compromisso e à responsabilidade é errada. Se é certo que existem aqueles que gostam de "parasitar" o questionamento e vontade de mudar para darem largas à sua "libertinagem" cristã, a verdade é que no cerne da mensagem "emergente" vem o desejo de viver a vida cristã na sua totalidade. A "Igreja Emergente" não é um detergente que dissolve a mensagem do Evangelho, pelo contrário, torna-o mais forte, mais exigente, mais vivido. O Cristianismo "classe média" criado, precisamente, pela "Igreja Estabelecida" não tem futuro nas congregações que se querem moldar à imagem de Jesus Cristo.
Wolfgang Simson, que escreveu, entre outras obras, «Casas que transformam o mundo» deixa o repto:

"We need to remind ourselves that we live in a world that is used to a discount mentality: where can i get more goods for the cheapest price? in many ways, this thinking has found its entry into Christianity as well. We have had entire waves wash over us that suggested we can have church without fellowship, maturity without prayer, church growth without embracing human pain, discipleship without obedience, charismas without character, freedom without being a bond-slave of Christ, reaping without sowing, salvation without witnessing, revival without repentance, reformation without cost, apostolic ministry without suffering, prophetic ministry without rejection, healing without holiness, Christianity without the cross.
"

19 comentários:

Tiago Cavaco disse...

Nuno, o "cristianismo classe média" não é criado pela "Igreja Estabelecida". A "Igreja Estabelecida" não tem outro programa senão o Evangelho. Se o consegue ou não praticar decentemente é outra conversa. E aí muito do que o Simpson diz é pertinente.
Facilitaria se tivéssemos de um lado os institucionais muito podres e mal-intencionados e do outro os emergentes puros e dados a toda a espécie de sacrifícios. A prova de que esta simplificação é complicada é que quem adere ao movimento emergente é precisamente a classe média. Como já mencionaste em conversas pessoais anteriores, onde estão os velhos, os africanos, os incultos no movimento emergente?

Nuno Fonseca disse...

Caro Nuno,

Para ser franco nem talento demonstras para ser um emergente decente, como os de lentes quadradas, pêra mal-barbeada, e compulsão por velas e incensos psicadélicos, para além de, claro, serem pós-modernistas, coisa que também fracassas em ser.

E isto porque sabotas a própria sociologia do emergentismo, dependente da classe-média da América suburbana que, segundo a cultura pós-moderna, é o novo paradigma ocidental, em detrimento deste:

W.A.S.P.:

White
Anglo-
-Saxon
Protestant

Curiosamente é o que vigora, em exclusividade nas congregações dos teus Pagitts e companhia, o que não deixa de representar uma ironia, para não dizer contradição: certa seita protestante que se cinde por apologia à diversidade humana não expande para além do branquela.

A 'Igreja Estabelecida' a é por Jesus Cristo, que se assumia como a Verdade (Jo14:6). Ora, se estudasses bem os teus fetiches mundanos, como bom emergente, saberias que não há verdade absoluta no mundo dum Derrida, dum Chomski. É trigo e joio, amigo, trigo e joio. E o facto de a igreja não mudar os seus fundamentos de fé é por, adivinha só!, serem absolutos e eternos, segundo a vontade dAquele que é a sua Pedra Angular, e não por falta de senso de moda, pois muitos de nós também vestem Fashion Clinic.

Camarada concristão, sempre houve diversidade na unidada da Igreja que é feita à imagem dum Deus uno e plural, esse Elohim de todos nós, e é na igreja estabelecida que vislumbras os cultos negros, os latinos, e sobretudo os mestiços, pois toda a humanidade é mulata.

Senão, repara no episódio da Torre de Babel e vê que a diversidade é-nos inerente, e não algo formulável em garagens de música indie com relíquias ortodoxas, nem tão-pouco desejável para nós, e é mais como uma idolatria até, pois é a falta dum eixo em que unir a nossa pluralidade a angústia da humanidade, e, em vez, é o clamor por um Deus unificador a nossa Salvação -- ou não foi a busílis de Aristóteles o deparar-se com essa unidade na diversidade e não lhe saber o nome, e não foi o papel de Paulo dizer que esse 'Ignoto Deus' era Jesus?

Paz.

Nuno disse...

Tiago,
Discordo em absoluto. Tu mesmo escreveste no “Voz do Deserto” num post de 26 de Outubro passado: “… É o meu contexto, bem sei. Mas continuo a detestar a classe média. O seu calculismo, o seu vazio, o seu materialismo. E dentro tantos, detesto os evangélicos de classe média que são aqueles com quem cresci. Porque são uma mistura insuportável de intolerância religiosa com preguiça burguesa. Há muitos cães de raças cruzadas mas são estes os mais destacadamente rafeiros.”
Como tu não participas nem participaste alguma vez de uma igreja emergente, parece-me lógico que estas pessoas a quem te referes, os teus companheiros de jornada por tantos anos, são, efectivamente um produto da “igreja estabelecida”. O facto de pessoas de classe média aderirem à IE não significa que elas possuam os valores que explanas no post. Se excluirmos a possibilidade de mudança da classe média então podemos fechar a porta das nossas igrejas.
Também nunca afirmei que na Igreja Estabelecida as pessoas todas não prestam nem que os emergentes são puros e imaculados Não vejo isso implícito em lado algum do meu texto. Considero isso uma extrapolação da tua parte, algo que, como já te disse, recorres com frequência quando discutimos estes assuntos. Não podes julgar todo o movimento emergente por algumas das suas expressões nos Estados Unidos. Não creio que Igrejas formadas por ex-prostitutas, homossexuais, freaks, heavy metals, góticos e etc. sejam propriamente classe média burguesa.
Mas numa coisa estamos de acordo: “intolerância religiosa e preguiça burguesa” não têm lugar na Igreja de Cristo. Foi precisamente isso que disse. Para finalizar: Era bom que a Igreja Estabelecida tivesse no seu programa apenas o Evangelho. Começando por aceitar no seu seio aqueles que estão fora dos seus padrões de aprovação. Porque se é verdade que os crentes envelhecem na igreja e de lá não podem ser chutados, apenas ignorados, que os africanos são bons para as estatísticas e os incultos para engordar orçamentos, pergunto: Onde estão as prostitutas, os homossexuais, freaks, heavy metals, góticos na Igreja Estabelecida?
Abraço

Nuno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nuno disse...

Caro Nuno Fonseca,
A tua franqueza obriga-me, pelas normas da boa educação, a ser franco também. A começar pelo facto de que te falta boa educação. Se perdesses alguns dos teus tiques de soberba pseudo-intelectual talvez estivesses nesta discussão de coração aberto e pronto a aceitar a diferença que tanto me queres passar no teu blá blá blá intelectualóide e aprender algo que te será muito útil nos dias em que vivemos. Isto é, se preferires não continuar “quadrado”.
Sinceramente, não percebo o teu ódio contra a Igreja Emergente. Alguém te fez mal? Estás zangado? É que a forma obtusa e odiosa de expressares a tua crítica cega-te esse raciocínio cartesiano afinado com tanto esforço ao longo de anos e anos nas bibliotecas da escolástica. Se, contudo, sou eu a causa do teu ódio, peço-te perdão. Não quero que vivas amargurado por minha causa.
Começas mal, caro Nuno, pois partes de premissas erradas. Com que então para se ser Emergente tem que se ter uma determinada aparência? Acho que andas a ver poucos vídeos no Youtube. Deixa lá, nada que mais umas horas na biblioteca não resolvam. Contudo, dou-te os parabéns. É um belo retrato robot do David Crowder. Já pensaste em ir para a PJ? Se calhar lá tens futuro…
Pelos vistos, tu é que não estudaste bem os meus “fetiches mundanos”. O cerne da discussão Emergente não tem nada a ver com a substituição dos WASP. O cerne está na Eclesiologia e na Missiologia da Igreja Cristã, termos que conheces bem dos livros mas a que, pelos vistos, não tens dedicado muito tempo.
É óbvio, até para uma criança de seis anos, que o Cristianismo no Ocidente está em declínio há muitos anos. Que a Igreja não sabe ler a “Cultura”, que as nossas congregações são micro cosmos totalmente opostos à sociedade e dificilmente interpretáveis por alguém estranho ao meio. Mas, se tu tens força e capacidade para contrariar as estatísticas, então força nisso, persiste na tua ilusão. Se existem cristãos americanos que procuram alcançar a classe média suburbana, qual é o problema? Se possuem liturgias diferentes, em que é que isso te incomoda? Estão a fazer a sua parte na Missio Dei, termo que, decerto, também conheces mas que nunca chegaste bem a perceber como funciona na prática. Isto é a prática, e chama-se encarnar o Evangelho.
Como já referi neste blogue, a “Emergência” são princípios de actuação, não formas de Igreja. Assim, um Emergente Europeu, Brasileiro ou Australiano não tem que reproduzir as formas dos americanos. Porém, estão todos interessados em contextualizar a mensagem do Evangelho para as respectivas culturas. Básico, não achas? Sou pouco americano? É pena, gostava de ser mais. Talvez por isso eu não te pareça suficientemente emergente. Se já tivéssemos vídeos no Youtube ajudava, não é? Por enquanto vais ter que te contentar com os que por lá andam.
Concordo contigo no facto de não existir verdade absoluta no Derrida. Mas o meu livro é a Bíblia e essa não falta na IE, que eu saiba. Já agora, esperas alcançar os pós modernos como? Com um folheto na mão e verdades proposicionais na boca? Força, boa sorte. Já agora uma dica de moda: Fashion Clinic é uma cena completamente anos 90. Podes sempre recuperar o atraso na H&M e evitas aquele embaraço de ser chamado de “totó”. Isto se quiseres “evangelizar” alguém com menos de trinta anos.
Se Paulo lesse o que escreves dava voltas na sepultura. Ele que disse: “Fiz-me fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegara salvar alguns.” 1 Coríntios 9:22
E continuando a falar sobre a Bíblia: Alguma vez viste escrito no meu blogue algo se que assemelhasse ao desprezo pelas Escrituras, à falta amor pela Palavra, à falibilidade das Escrituras, à destruição das estruturas da Igreja? Não me parece. Mostra que não fizeste bem o trabalho de casa. Em linguagem futebolística dir-se-ia que “entraste à cão”. Não preciso que me venhas aqui dar lições da unidade na diversidade. Uma visita à minha Igreja seria suficiente para engolires os teus tratados de Teologia. Guarda-os para as tuas discussões académicas. Realmente, pessoas como tu nunca farão a diferença. És preconceituoso. Precisas de um bom banho de realidade. Se fosses mais humilde saberias, porque terias perguntado, que na Igreja Emergente existem muitos tipos de Congregações que reúnem toda a diversidade de culturas, raças e expressões litúrgicas. Mesmo eu, a quem acusas de não ser suficientemente mestiço, estou disposto a tirar meças contigo no que a “mulatagem” diz respeito.
Por isso repito: Se a Igreja é de Cristo porque atacas os Emergentes? Contrarias o teu princípio. Quem te deu a ti poderes para chamares “seita” a algo que interpretas levianamente? Quem és tu para dizer que eu tenho “fetiches mundanos”? Conheces-me de algum lado? Pelos vistos conheces, mas olha, não sou teu amigo nem teu camarada. Os amigos são leais e cordatos e quem tem camarada são os comunistas.
É verdade Nuno, não sou um emergente decente e fracasso em ser pós-modernista. Simplesmente, porque não é esse o meu objectivo de vida. Quero ser seguidor e imitador de Cristo e nisso, a tempos, também fracasso. Mas, fico-me novamente com as palavras de Paulo: “ A minha Graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque quando sou fraco, então, é que sou forte” 2 Coríntios 12:7-10

Nuno Fonseca disse...

Nuno,

Não compreendo como o desconfiares da minha suposta abordagem ad hominem, cuja verdadeira intenção era a de humorizar um tema tão bafiento, e, mesmo assim, após reconheceres falácia nesse pré-conceito, incorres nela a todo o vapor; no entanto, prossigamos por partes, excelentíssimo Sr Não-Me-Conheces-De-Lado-Nenhum-E-Por-Isso- Não-Podes-Desaprovar-Da-Minha-Ideia.

1- Não demonstrei má-educação, pois não te ofendi pessoalmente, a menos que consideres uma ofensa dizer a um cristão verdadeiro que não tem talento para ser pós-modernista, porque então peço que mostres a minha rudez comigo, e eu agradecer-te-ei o elogio.

2- Não te odeio, e antes amo-te (Pro9:8), e por isso mesmo sinto o dever de rectificar um irmão de fé, e tu de o fazeres a mim, caso esteja eu errado, mas, em todo o caso, devo dizer que sim, ferve, sim, o meu sangue quando discuto o emergentismo, não só pela sensibilidade evasiva de quem a defente quando confrontado (os emergentes só 'conversam' ora com outros liberais, ora com pós-modernistas, e têm medo de dizer que não até ao Iníquo), mas pela realidade de que esse movimento é um seita perigosa, que se cinde da Escritura para efectivar a eclesiolatria de que é culpada.

3- Após um estudo sumário dos 'dialogadores' do emergentismo, pode-se defini-lo nestes pontos, que duvido que não aceites:

i) Leitura narrativa e não-literal das Escrituras, que não são completamente compreensíveis à mente, pelas limitações da linguagem humana (Saussure, Derrida), reconhecendo que a Igreja cometeu erros diversos na sua exegese, e que qualquer afirmação absoluta à luz da Palavra de Deus (se o crente assim a considerar) é relativizável.
ii) Readaptação da Igreja e sua 'estratégia' ao novo século, incorporando as diferentes liturgias e estéticas da cristandade 'vintage', sejam do catolicismo, da ortodoxia, ou do gnosticismo, passando pelo ioga, para evocar a imagética que o mundo tem da realidade cristã e espiritual em geral, de forma a cativar o 'seeker' secular, promovendo, ao mesmo tempo, discussões activas em vez de sermões, sob um tom expositivo, para não ofender o homossexual e o 'new-ager', e para não subentender a impressão de que até conhecemos a Verdade, coisa que está em constante mutação neste universo em progressiva evolução (Darwin, Sua Santidade Dalai Lama, mundo, etc), e não existe de todo, pois Jesus quando disse que era o que era (Jo14:6) não estava a ser literal, mas apenas sugestivo -- ou não é Deus amor e só amor (Hare Krishnah, Hare, Hare)?
iii) Crença de que o Reino é construído aqui e agora, na Terra, e que a forma de o realizar é ao enclausurarmo-nos em caves e garagens mal-iluminadas, cercados de sofás, calçando chinelas, e, após 'conversacionarmos' com o Pastor, ceder-lhe o material para o próximo 'self-help book', enquanto ele forma alianças e parcerias com as coisas boas do mundo corporativo e solidário (Bono, o profeta de cabedal), e, batendo nas costas do ombro pecador mas influente, sussurar-lhe "Bah, aquilo do inferno não é bem assim, pois 'lá' não é um lugar literal, e apenas parecerá uma eternidade, e o castigo é só chegar atrasado ao Céu. E essa photo-opportunity, amigo?".

4- Tem calma, amiguinho, pois se ninguém me presta atenção também não tens que temer, e além do mais não é essa 'relevância' dum líder da igreja como tu que pretendo, mas aquela definição de humildade que a Palavra fala, do tipo: saber que nada posso e nada sou sem Deus, e que sou filho do pecado e mereço o hades, e que apenas o sangue de Jesus me purifica, e que foi a Graça do sacrifício da Cruz que me salvou, e é meu dever partilhar a Verdade deste Deus que é o único e o verdadeiro, e que se revela diariamente como Espírito Sto, com o mundo, que jamais procura o Senhor; e não, não me venham falar de 'estratégias de opimização da sua igreja', porque, meus amigos, em África, na Ásia, e até no país mais civilizado, e isto nestes dois milénios é assim que resulta, resultou, e sempre resultará: Escritura-Fé-Graça. Ponto. Não interessa que o pedido de arrependimento venha duma cabana sem tecto no Sudão, ou na 7º Avenida de Nova Iorque, para a congregação de 10 000.

5- Já que estás numa de Youtube, ouve bem este diálogo entre cristãos da igreja estabelecida (por Jesus, e não O McSeiLá), por mentes fundamentalistas que chegam para abafar os filósofos do mundo: http://youtube.com/watch?v=gv6uxCch7oc

6- O problema está em que não sei se a vossa igreja é de Cristo, pois não basta dizer que Ele é Senhor, e depois disparatar no mais rude relativismo e hipocrisia eclesiástica, para bem do número de crentes e do lucro dizimista que se lhe segue, pois negar que as palavras 'pecado', 'arrependimento', 'reconciliação' e 'inferno' faziam parte da mensagem do Messias e não mencioná-las sob o véu do ênfase, não, não é Evangelho, mas um 'workshop' sobre a Bíblia-light e a cristandade-Pop, que resulta no mesmo que qualquer worshoppagem: o instruído perde dinheiro e não aprende nada que já não soubesse, mas sempre não desperdiçou o tempo em sudokus, e já é muito.

7- Concluindo, é perfeitamente legítimo desaprovar o emergentismo pela sua expressão americana, uma vez que tem aí a sua origem, tal como é verificável a sua ausência de diversidade sociológica, pela falta de 'appeal' estético às camadas não-betinhas e caucasianas, e à sua irrelevância (ui!) para o espírito cristão e humilde, que apenas pede uma casa de oração, onde cante e jubile no Espírito, e escuta a Sua Palavra, e se relaciona intimamente com o Abba de todos nós, os Seus eleitos.

E, caro líder, por favor, bem sabe o que a Palavra diz sobre as 'tradições dos homens' e o que não diz sobre a liturgia, além do que declara da idolatria -- simplesmente redecore a sua igreja, e verá que esse emergentismo todo passa.

Fala-lhe um 'unchurched seeker' (polegares pra cima e piscadela sorridente)!

Paz.

David Cameira disse...

Nuno Cesar,

" quem tem camarada são os comunistas. 2não é totalmente exacto..há, pelo menos, uma certa " tendência no PS em que também se tratam por " camaradas "

Qt ao resto, apesar de AINDA não ser de nenhuma igreja emergente concordo, cada vez mais, ctg
DTA

Nuno disse...

Caro Nuno Fonseca,

Vejo que persiste com os tiques de soberba intelectual. É difícil tirar a "cassete" não é? Como já lhe disse, julga o todo pelas partes e ignora aquilo que está para além da sua análise recalcada da IE. De facto, a sua atitude farisaica assemelha-se em tudo à que ocorreu nos Evangelhos.
Pessoas como você adoram discussões e vivem delas, alimentam-se da retórica e do espírito crítico, mas, como já afirmei, vivem muito pouco. Viva mais e fale menos. Se há pelo menos um mérito em pessoas emergentes (duvido que alguma vez tenha conhecido um) é que sabem o seu lugar e valorizam o outro. Aconselho-o que se fique pelas discussões do Trento na Língua que é o seu ambiente natural. Aí encontra adversários à altura que perseguem o mesmo que você. O que eu tenho para dizer acerca do Cristianismo fá-lo-ei num ambiente de aprendizagem mútua e cooperação, o qual, não é assumidamente o seu.

Nuno Fonseca disse...

Caro Nuno,

É bem mais farisaico evadir-se das questões que coloco segundo a Escritura, velando-se sob a reverência que lhe devo enquanto líder religioso da minha fé.

E dispenso a sua falácia do boneco-de-palha, pois sei do meu direito enquando cristão de me insurgir quando uma apostasia ameaça o Corpo de Cristo, pois como Paulo lembrou: "Importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós" (1Cor11:19). Faça o favor, pois, de me aturar, mesmo que não lhe pague o dízimo, pois depende de gente como eu para o escutarem quando fala ao púlpito.

É tempo do Sr Pastor sair do seu pedestral e se expressar aqui com os humildes, que quando lêem que Jesus diz ser 'o Caminho, a Verdade, e a Vida' crêem exactamente isso, e compreenda que os mais misérrimos de nós, pretos ou brancos, estúpidos ou intelectualóides, morreríamos pela fé que o caro 'líder da igreja' quer relativizar.

Desculpe-me a indelicadeza, mas cristãos em pleno Darfur foram crucificados literalmente por não conseguirem de consciência agonizante negar a Deus, enquanto que o Sr e os do seu movimento, nascidos sob a bênção dum ocidente rico, querem dialogar sobre o uso de mosaicos ortodoxos e ouros católicos, pelo gozo de serem a vanguarda pomposa e o next-big-thing da igreja, e, diga-me, chama a isso cristianismo?

Paz.

Scott disse...

Já se sabe que por mais que algumas pessoas queiram, no existe uma igreja emergente. O máximo que se pode dizer é que existe um movimento que se chama emergente. Cá para mim, é uma designação pouco feliz, mas lá está. Diz-se que é caracterizado por ser wasp, que também é uma verdade infeliz, pois os propósitos do movimento, não obstante as várias expressões discutíveis, são correctos. Passo a colocar a questões que considero mais importantes e que nos dizem respeito.

1) Numa igreja típica e "tradicional", a maioria do orçamento anual gasta-se na manutençaõ das instalações e no(s) salário(s) do(s) pessoal ministerial. Vejam se não tenho razão quer nos EUA quer numa Igreja Evangélica duma vila lusitana qualquer. Num contexto em que consideramos que "tudo é do Senhor," a nossa mordomia dos bens é péssima enquanto a sua igreja.

2) Por média, uma igreja evangélica em Portugal leva 20 anos a dar início a uma nova congregação segundo o padrão tradicional da igreja "mãe". A mordomia espiritual não está muito melhor que a dos bens.

3) Em termos prácticos, até temos vergonha das nossas igrejas. A maioria das pessoas hesita em trazer um amigo a um culto aos domingos pois sabe bem que o ta amigo não acha relevante a experiência. Só convidamos os "de fora" nas alturas de Natal e Páscoa quando temos programas especiais e evangelísticos. As nossa compartmentalização do discipulado e evangelização é mal trato da grande comissão. Mesmo o nosso vocabulário é reflex disto: chamamos os dez ou quinze minutos de música congregacional "momentos de louvor". Se isto é o total do nosso louvor, perdemos o nosso primeiro amor.

Neste sentido, a igreja precisa de emergir de algo... de um sono profundo ou pelo menos de deixar de olhar só para o seu próprio umbigo. Se eu preciso de sair da igreja tradicional para o efeito, assim que seja... chamem-me de emergente. Aliás que toda igreja fosse mais emergente! Temos que emergir mas é dos bancos e da nossa zona de conforto. Apesar da guerra ser espiritual os nossos corpos têm que se movimentar e pelo movimento da igreja tradicional nos últimos anos, estamos nas tintas quanto ao resultado final.

Talvez o movimento emergente não consiga responder às suas próprias preocupções, mas isto não diminue a importância delas. Uma coisa é certa, a igreja tradicional vai se substituir se não começar muito em breve a cumprir o seu propósito. Pois, Cristo anda no seu meio e está prestes a tirar o castiçal.

Lev T. disse...

Parece-me que muita da crítica à IE (como está a ser designada aqui) é feita em falsas permissas vindas sabe-se lá de onde, do youtube quem sabe, mas muito pouco em conhecimento real fruto de pesquisa e de estudo. Uma coisa acredito e reforço a idéia do Nuno Soares, esta igreja estabelecida pode até crescer e se expressar nesta sociedade, mas não será ela a conquistar e a marcar a sociedade. Simplesmente porque está formatada à própria sociedade. Ora, se ela existe para ser a diferença, porque parece-me que é isso o que é ser "sal da terra e luz do mundo", so o poderia fazer se não estivesse conivente, apática e conformada. Só uma igreja reformada, não formatada é que poderá maracar a diferença. E só mais uma coisa. Fala-se muito, defende-se muito, critica-se muito, mas palavras ... leva-as o vento. E nisto estou ao teu lado Nuno Soares, é vida! Só a vida transformada, relevante, ao serviço do Rei, verdadeiro agente do Seu Reino, um servo do Reino. O resto é retórica. E eu imagino que no céu e no inferno, grandes oradores vão estar em silêncio.
Abração Mano

Scott disse...

O Isaque diz bem o seguinte>

é vida! Só a vida transformada, relevante, ao serviço do Rei, verdadeiro agente do Seu Reino, um servo do Reino.

Pois é isto o ponto "chave" da igreja/movimento emergente. Nos moldes da igreja tradicional,as pessoas não achavam maneira de viver a sua fé de forma íntegra. Os Casting Crowns cantam da igreja plástica que é um reflexo desta preocupação... e são da igreja tradicional! Não nos esqueçamos de que a crítica é válida. O que está em causa é a resposta. Uma igreja "programitzada" como a maioria das nossas tradicionais tem a tendência de roubar o indivíduo de uma sensibilidade às oportunidades de pôr a fé em practica fora das quatro paredes do templo. Centra-se muito da responsabiidade no pastor e os líderes eleitos e daí muitas igrejas estão com uma crise de liderança.

Para ser justo, a história do povo de Deus está repleto de exemplos em que perdemos a visão do nosso Senhor e dos Seus planos. Mas isto não justifica a nossa complacência relativamente ao mal estar da situação actual.

E ainda questiono o propósito de moldar sociedade. O propósito da igreja é discipular as nações. Daí somos gregos para os gregos etc. Também há de se salientar que é a transformação das nossas mentes que faz a diferença (não desconto o aviso da primeira parte da referência). Ter uma vida integrada (em vez de compartmentalizada) que permite o cristão a conviver e influenciar o mundo à sua volta implica uma vivência tanto relevante como coerente. Não podemos fazer do evangelho o que ele não é. Não é um instrumento para mudar da sociedade, serve para reunir as pessoas com o criador. Quanto à sociedade, ela trata de si quando as pessoas se deixam transformar.

David Cameira disse...

Scoot,

Posso " postar " o teu 1º comentário no meu blog ?

Peço um esclarecimento:

" É tempo do Sr Pastor sair do seu pedestral "

O Nuno Soares já é pastor, ordenado por quem ?

Pela igreja Baptista de Vale da Amoreira ?
Por um concílio examinador de outros colegas da CBP que se deslocaram ao evento em representação das suas igrejas?
Então e não convidaram a minha igreja para 2 a comilança " que normalmente se segue a estes eventos ???

Fazedores disse...

Desculpa, David, pois de facto posso ter cometido um lapso ao declarar o Nuno um Pastor, mas como hoje em dia há esta ambiguidade dos 'líderes da igreja' já ninguém percebe quem é o quê.

Paz.

David Cameira disse...

Scott,

Desculpa ter-me enganado no teu nome
Depois de corrigido o erro republico a pergunta ( q só não apaguei acima pq estava acompanhada com outra coisa )Posso " postar " o teu 1º comentário no meu blog ?

Scott disse...

David,
Amigo, podes republicar se te der jeito. Assumo a responsabilidade pelas palavras.
Abraço!

David Cameira disse...

Obg irmão missionário baptista.
E eu assumo, aqui e lá, a responsabilidade da publicação e do dar, ainda mais, ( ( que não é preciso nem tu buscas isso )projeção ao teu pensar por me teres tirado as palavras da boca

Tiago Cavaco disse...

Nuno, respondo-te no meu blog.
Abraço.

mulheres_estejam_caladas disse...

ok.alguém me explica a mim (institucionalíssima criatura) o que é a igreja emergente?
bgd