domingo, 29 de julho de 2007

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Ao que parece, de algum tempo para cá, leitores meus têm tido dificuldade em interpretar as minhas críticas sobre o catolicismo. Sou tido como simplista e ignorante, entre outras coisas. Cabe-me, por isso, a propósito, uma justificação. A minha crítica tem-se centrado, sobretudo, na instituição religiosa com as suas estruturas de poder, na cultura instituída da mariolatria e sobretudo nos efeitos sociais, éticos e espirituais que a própria religião teve e ainda tem sobre larga percentagem da nossa nação. Penso que não pode ser de outra forma. Negar o contributo altamente negativo da religião católica para o nosso país é como tentar tapar o sol com a peneira. Por exemplo, tantas vezes se critica o obscurantismo intelectual, científico e social da nossa nação em comparação com a Europa do Norte (Protestante) e nos esquecemos da Contra -Reforma ocorrida em Portugal e do contributo dos Jesuítas para esse fim. E mais, dizer que o catolicismo é bom e cristocêntrico por causa de algumas minorias espiritualmente esclarecidas no seu seio é que me parece ser algo simplista. Eu não crítico católicos como indivíduos que estão na sua jornada de fé. Cada um está na sua própria caminhada e eu não excluo que dentro da religião católica haja sinceros seguidores de Jesus Cristo. Não considero contudo, que estes indivíduos que, no meu entender, constituem uma excepção, possam servir de regra normativa para avaliar o catolicismo como mega-religião. Nesse contexto, nem sequer aquilo que é escrito nos Concílios é por eles cumprido em termos efectivos. Por isso, e sempre que entender, vou continuar a dizer de minha justiça em relação ao catolicismo, com a mesma acutilância com que o faço em relação aos meus pares. De uma forma simples? Com certeza.

«It is simplicity that makes the uneducated more effective than the educated when addressing popular audiences.»

Aristotle, in Rhetoric

4 comentários:

mulheres_estejam_caladas disse...

yap
Concordo com a marca obscurantista do catolicismo português. A expulsão dos judeus, a inquisição que exportou ou matou qualquer vestígio de génio ou criatividade.

Muita da tacanhês portuguesa foi apimentada pelo catolicismo. Mas por outro lado também a lusitânia cunhou muito do ser-se católico.

O respeitinho, a submissão, o lamber de botas dos ricos e o desprezo pelos pobres, a caridadezinha...

Sabes Nuno, percebo o teu ponto de vista, mas a minha luta é que às vezes ficamos tão contentes de ver os erros nos "maus cristãos óbvios: os católicos" que nem nos pomos em causa. O nosso protestantismo é tão romano, muitos pastores são Ratzingers em potência, Muitos líderes falam sempre de cátedra, tantas organizações são verdadeiros vaticanos com os irmãos doctores, os irmãos engenheiros e os srs irmãos...

Nuno disse...

Mas foi o que eu escrevi no final Nini: os nossos pares, bem como nós próprios estão sujeitos a escrutínio. Infelizmente, o movimento evangélico português não tem muito de que se orgulhar.

Pedro Leal disse...

Por as coisas em termos de autoridade moral, por bom comportamente, é cair na clubite: nós somos melhores que vocês. Se for esse o critério então bem podemos andar todos de mãos dadas.
Para mim a questão tem a ver com o compromisso com a "sã doutrina", que não é propriedade de ninguém. Damos as mãos a quem a defender connosco. Afastamo-nos de quem, de alguma forma, a põe em causa. Isto ao nível das relações entre instituições parece-me colocar uma barreira instransponível entre evangélicos e católicos.

Paula disse...

O Reino dos céus é dos simples. Continua na tua simplicidade a ser simples e a dizer o que pensas. Não deixes que os assassinos da Graça te calem. Hehe. *sorriso*

Deus te abençoe!