terça-feira, 19 de abril de 2011

Estou de volta

Cinco dias se passaram desde a minha última actualização. Contra o meu desejo, não tem sido possível actualizar, diariamente, o nosso percurso por terras de Vera Cruz. As ligações à Internet ainda são muito lentas em alguns lugares e noutros não foi, sequer, possível conectar-me. As minhas desculpas a todos os que nos têm acompanhado à distância. Estamos de volta a Belo Horizonte depois de uma semana intensa na "estrada".

A Amazónia foi uma experiência que superou as minhas expectativas. Fomos calorosamente recebidos pela família do Itaiguara. Foram quatro dias de intenso relacionamento e estabelecimento de laços fraternos que perdurarão por longo tempo. Neste país, as pessoas sabem servir e têm prazer em fazê-lo. A Família Barros não foi excepção. Fomos abraçados e envolvidos por um constante cuidado e amor que chegaram a constranger. Enganem-se os que pensam que estamos aqui a turismo. Os turistas não se sentam à mesa das famílias, não adoram a Deus em conjunto com os fiéis desse lugar, nem, sequer, partilham das suas lutas, vitórias e derrotas. Os turistas não partem com lágrimas no rosto. Fui a Manaus e deixei lá um pouco da minha alma, por isso, um dia regressarei!

A nossa viagem de regresso a BH foi um pouco atribulada. O nosso vôo estava marcado para as 04h da manhã de sexta-feira, o que fez com que não dormissemos nessa noite. Porém, o vôo atrasou 2 horas e chegamos a São Paulo em cima da hora da conexão para BH. Uma vez dentro do avião, o piloto avisou os passageiros que o avião tinha um problema numa asa e não poderia levantar. Fomos evacuados da aeronave e forçados a esperar quase 4 horas para, finalmente, descolar em direcção a BH.

Nesse mesmo dia, era suposto viajarmos até à cidade Timóteo, a cerca de 250 km de BH, para acompanhar o Charles Finney e conhecermos a Igreja ali. A estrada que liga as duas cidades é conhecida aqui no Brasil como uma das mais perigosas, com uma taxa alta de sinistralidade devido ao seu traçado em montanha e pelo seu intenso trafego, especialmente de camiões. Devido ao atraso do nosso vôo, a viagem decorreu já com a noite caída, o que levantou alguns cuidados dos irmãos responsáveis por nós. Graças a Deus, tudo correu bem e passámos um bom tempo juntos na viagem. Acompanharam-nos o Sílvio, o Pedro, e o Robinho.

Timóteo é uma cidade que, juntamente com Coronel Fabriciano e Ipatinga, formam aquilo a que se designa aqui por Vale do Aço. É um forte complexo industrial que fornece ferro e aço para o mundo inteiro. A Igreja em Timóteo conta já com mais de 400 pessoas e extende-se já às outras duas cidades.

No dia de sábado, tivemos algum tempo livre durante a manhã para conviver com os nossos anfitriões e conhecer a cidade. Eu e Robinho ficámos alojados em casa do Gérson, sua esposa Netty e os seus dois jovens filhos, Mateus e Samuel. Esta família é muito divertida e espirituosa. Confesso que já não me ria assim há muito tempo. Aliás, todo o tempo que passámos ali foi muito alegre e bem-disposto. As pessoas, para além de acolhedoras, são muito bem-humoradas. Tenho aprendido muito sobre a diversidade de temperamentos e personalidades dentro do Corpo de Cristo. Os mesmos valores podem ser expressos de formas variadas sem comprometer a mensagem.

No final da tarde, Charles Finney partilhou o seu testemunho e ministério com os lideres da Igreja e, desta vez, o tradutor fui eu. Receei que fosse necessário um outro intérprete para me traduzir a mim, mas parece que, afinal, as duas pronunciações são compatíveis. Domingo, pela manhã, a Igreja reuniu-se para ouvir o missionário indiano. Mais uma vez, fui o tradutor e pude experimentar a alegria, emoção e comoção das pessoas perante a história deste grande, mas simples e humilde, homem de Deus. Os portugueses também tiveram oportunidade para partilhar um pouco do que está a acontecer em terras lusas e, no final, fomos mais uma vez acarinhados e encorajados pelos irmãos brasileiros. Já não tenho lágrimas para gastar. Deus tem nos consolado e encorajado muito nesta viagem e o amor da Família Celestial tem sido um grande conforto para nós.

As saudades começam a bater e o tempo começa a fazer os seus efeitos em nós os quatro. Tentamos disfarçar com piadas e brincadeiras, mas lá no fundo, estamos todos a ressacar profundamente a falta das nossas esposas e filhos. Também nessa área, Deus está a fazer a Sua obra em nós, aumentando o nosso amor pelos nossos ente queridos e preparando o nosso coração para ausências futuras. "Aquele que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discipulo!"

Estamos, agora, em casa de Robinho, Sónia e seus três filhos: Carolina, Isadora e Tiago. Tem sido um tempo excelente de comunhão. Ainda fico surpreendido com o facto de que se possa sentir uma profunda comunhão no Espírito com alguém que, há algumas horas apenas, era um perfeito desconhecido. Sabem do que falo?

Amanhã vamos até Congonhas e, possivelmente, Ouro Preto. Depois, ficaremos numa outra casa. Não sei se, lá, teremos acesso à Internet. Confesso-vos que esta vida de caracol cansa. Orem por nós. Pelo cansaço, pelas viagens e para que Deus se continue a revelar a nós.

Um abraço mineiro,

Nuno

2 comentários:

Sara CS disse...

Essa ausência da família, durante as viagens é só até ao dia em que eu te vou poder acompanhar!!! :)
Já faltou mais.
Saudades,
Sara

Nuno disse...

Sara, a partir do décimo dia tornar-se insuportável. Só mesmo pela graça de Deus.
Saudades e muitas.

Nuno